Promovido pelo IBTeC e Sebrae, o workshop “Caminhos para otimizar os processos produtivos da indústria calçadista”, realizado nesta quarta-feira, 18 de outubro, teve a participação de 60 pessoas, entre industriais e profissionais que gerenciam e coordenam áreas de produção nas indústrias de calçados da região.
O workshop foi aberto pelo diretor executivo da Kunden Systems, Taironi Fensterseifer, que abordou o tema “Acelere de semanas para dias o desenvolvimento de seus calçados”. Ele mostrou como indústrias de diferentes regiões do planeta estão adiantadas na digitalização do processo de produção de calçados, em todas as fases. De acordo com Taironi, a Kunden Systems trabalha com uma plataforma digital para o desenvolvimento de calçados que integra desde as formas, passando pelo design, compras, almoxarifado, até o sistema de gestão da empresa, agilizando todos os processos de controle. Com a digitalização de todas as etapas da produção “é possível ganhar tempo, reduzir perdas e otimizar o uso de mão-de-obra na área de desenvolvimento, preconiza o palestrante. Mas o mais importante, segundo ele, é o ganho de tempo, que pode ser reduzido para minutos entre o momento em que o designer cria um modelo e pode vê-lo pronto, em dezenas de combinações de cores e materiais. Normalmente são necessários dias entre a criação de um modelo e sua prototipagem, para que os modelos possam ser vistos finalizados. Outro ganho importante, segundo o palestrante, é a possibilidade da tomada de decisões sobre mudanças nos modelos em tempos muito menores, o que representa ganhos em todos os sentidos.
O técnico operacional em máquinas de corte da Comelz, William Souza, foi o segundo palestrante, falando sobre “A tecnologia no setor de corte e a evolução de seu produto”. Ele apresentou o sistema de corte digitalizado que vem sendo implantado em todo o Brasil, lembrando que “o mundo mudou, a moda mudou e com isto os prazos também”, enfatizando o ganho de tempo e a redução de custos como os principais benefícios do sistema, que tem ainda um componente adicional que é a redução da necessidade de mão-de-obra no setor de corte. A automação do corte pode resultar em ganhos que vão de 3% a 7% no uso de matéria-prima couro, e em níveis que vão de 9% a 16% no corte de materiais têxteis e sintéticos, segundo o palestrante. Sem contar a possibilidade de correções imediatas na produção, o que resulta em ganho de tempo. De acordo com William Souza, “empresas que dominam e acompanham moda precisam cada vez mais de sistema que automatizem sua produção”.
O último palestrante da noite, André da Rocha, diretor da Orisol, abriu sua fala, sobre “Tecnologias e automação para alavancar a indústria calçadista”, mostrando que a indústria calçadista brasileira pouco evoluiu ao longo dos últimos 50 anos, afirmando que “vivemos em uma zona de conforto que exigia poucas mudanças”. Ele alertou para o fato de que nos últimos dez anos as mudanças se aceleraram muito, e deverão ganhar muito mais ritmo na próxima década. André da Rocha apresentou dados que dão conta de que no Brasil, o prazo entre o momento em que um calçado entra no corte e sai na expedição hoje é de 8 dias, enquanto que nos Estados Unidos, onde as linhas de produção estão totalmente automatizadas, o prazo é de duas horas. Ainda de acordo com os dados apresentados na palestra, hoje 1/3 do tempo usado na produção de calçados está em operações de transporte e manuseio, “e isto tem que mudar”.
A ideia de automatizar processos não é apenas um questão de custos, mas também uma forma de agregar valor aos produtos finais, afirmou o diretor da Orisol. Ele apresentou o sistema de costura programada da Orisol, e lembrou que além de agilizar o processo e uniformizar a qualidade do trabalho, o sistema também impacta sobre custos, na medida em que não há exigência de especialização em costura para operar as máquinas.
André lembrou ainda que “muito se fala em indústria 4.0, e quero dizer que para que ela se torne realidade teremos que ter nossos processos automatizados”. E em um futuro bem próximo, as indústrias de calçados poderão contar com robôs para várias operações, inclusive para passar cola, mostrou o palestrante. Na opinião de André, “o que vem pela frente é um mundo de oportunidades para quem tem coragem, disciplina e criatividade para inovar”.