“Ações estratégicas para uma produção mais sustentável” foi o tema da última edição do ano de 2021 do Happy Hour com Tecnologia do IBTeC, realizada no dia 1º de dezembro. Como debatedores, o gerente de SGI e sustentabilidade da Vulcabrás, Luiz Otávio Goi Junior, o diretor geral da Zahonero Brasil, Salvador Ribó Mesquida, contando com a mediação do vice-presidente executivo do Instituto, Dr. Valdir Soldi.
O Dr. Valdir Soldi, introduziu o tema lembrando que a Revista Tecnicouro abordou o assunto com foco em sustentabilidade como estratégia para a existência dos negócios. Na revista foi contextualizado o aspecto que diz respeito aos retornos para as empresas que investem em sustentabilidade.
Soldi também fez referência à COP 26 - 26ª Conferência do Clima, que aconteceu na Escócia, e que tratou de acordos entre países de diferentes continentes. Governos estão buscando acordos e comprometimentos para encontrar a solução necessária para este segmento, salientou ele. Lembrou que o setor privado também tem o entendimento de que este é um tema muito relevante, e que também na questão ambiental falhas são consideradas como prejuízo financeiro.
Enfatizou que “hoje a sustentabilidade está no centro da rotina organizacional da maioria das grandes empresas, e já se torna realidade também para as médias empresas”.
O que Zahonero e Vulcabrás estão fazendo
Na sequência, os debatedores foram convidados a falar um pouco sobre a experiência de suas empresas na área de sustentabilidade.
Salvador Mesquida afirmou que a Zahonero tem a sustentabilidade como um dos focos mais importantes. Nas suas práticas, além de usar energia renovável, a companhia busca a preservação de recursos, como é o caso da água, e está trabalhando também para obter a menor emissão possível de CO2. No futuro próximo a Zahonero quer que 30% do material que usa seja de origem reaproveitada, e que todos os produtos sejam 100% recicláveis.
A Vulcabrás tem uma estratégia de desenvolvimento sustentável há muitos anos, afirmou Luiz Otávio, acrescentando que “a companhia trabalha para dar passos sólidos, que resultem em constante crescimento”. Há muitos anos que a companhia tem em seu foco a preocupação com a forma melhor de aproveitar resíduos e materiais utilizados nas suas linhas de produção. “Tentamos utilizar o máximo possível os resíduos gerados pela nossa estrutura, seja nos nossos próprios produtos, seja em parceria com outras empresas”. Relatou que a Vulcabrás tem em uma de suas unidades um sistema de tratamento de efluentes líquidos com capacidade para atender uma cidade de pequeno porte, que gera economia de 50 milhões de litros de água por ano. A água tratada é reutilizada para de jardinagem, em vasos sanitários e outras utilidades. Na unidade da Bahia, com quase 5.000 colaboradores, foi implementado entre 2020 e 2021, 100% da unidade é zero aterro - todos os resíduos gerados têm destino de reutilização, através de parcerias.
E para 2022 está previsto o início de projeto onde 100% dos produtos Vulcabrás serão feitos com o uso de energia eólica, que gera zero C02 no ambiente.
O executivo lembrou que “o Brasil é um país riquíssimo em possiblidades de migração da matriz energética para uma energia renovável de forma muito rápida. A Vulcabrás entende que a geração de CO2 é o impacto que hoje está na pauta, e principalmente que há o entendimento pelos especialistas de que os impactos se tornam cada dia mais irreversíveis”.
Como o consumidor se comporta
Falando sobre como o consumidor brasileiro está se comportando em relação aos cuidados com o meio ambiente, Salvador Mesquida afirmou que não é verdade que o Brasil esteja atrás do resto do mundo. “Infelizmente, nós não somos ainda suficientemente conscientes, aqui no Brasil e no mundo inteiro. A questão é: estamos dispostos a pagar mais por um produto sustentável? O que se observa é que cada vez mais as marcas se preocupam em buscar alternativas que tornem suas práticas mais sustentáveis. O consumidor brasileiro também está muito atento a este aspecto”. Salvador entende que as indústrias ainda não sabem explicar os benefícios de seus produtos de forma assertiva.
Já Luiz Otávio afirmou entender que “o mercado está em um processo de transição mundial. A percepção do consumidor existe, sim, faz bastante tempo. A diferença é que ocorreu nos últimos anos está na melhoria do ciclo de informação”. Lembrou que a COP 26 envolveu o público em geral, o que provoca uma evolução de maturidade.
Slow fashion, uma tendência que chegou para ficar?
Para Luiz Otávio Goi Junior, “este é um tema interessante, nas que é ainda não é tão disseminado quanto foi o fast fashion. A grande percepção não é nem tanto falar da velocidade com que você desenvolve coleções e disponibiliza produtos para mercado; o mais importante trazido pelo slow fashion é o sentimento em colocar um produto ao mercado. É uma vertente que já ganhou a adesão de várias empresas, que estão focadas em produzir em volume adequado, em Para o executivo, criar um consumo mais consciente, focado na necessidade, e não no volume de produção, é um desafio para o futuro. O CEO da Vulcabras disse entender que “o fast fashion precisava de uma contrapartida para desacelerar. Acredito que muito proximamente vamos conseguir chegar a um meio termo, para que as pessoas possam consumir de uma forma mais pensada. O consumidor ainda está com a cabeça em um consumo de volume. Vamos conseguir equilibrar a produção com a necessidade de equilíbrio sustentável”.
Salvador afirmou que na sua visão “uma forma de pensar em slow fashion é pensar em consumir de produtores locais. No final, é um movimento que busca produção em pequenos volumes”. E disse entender que “é difícil fazer uma opção pelo slow fashion, porque as empresas buscam a produtividade e os resultados. O slow fashion exigiria uma mudança de postura das empresas e da sociedade, que pagaria mais por um produto, em benefício do meio ambiente e da sustentabilidade”.
Sobre inovação
Luiz Otávio avalia “todo o processo de sustentabilidade é inovador. E acho que a percepção das pessoas ultimamente, com a facilidade de acessar questões sobre a questão e a importância disto, cobra das empresas que elas tenham inovação sustentável. Este é um movimento que leva as empresas a estarem sempre em busca de coisas novas”. No seu entendimento, as pessoas criaram ao conceito equivocado de que produtos sustentáveis são mais caros. “Mas isto nem sempre é verdade. Há muitos produtos que já atendem demandas sustentáveis, e nem por isto são mais caros; pelo contrário, são altamente competitivos. Hoje existem empresas e tecnologias que já conseguem oferecer produtos competitivos, sem ter esta divergência de preços”.
Para Salvador, as pequenas empresas são as mais inovadoras. Sobre a questão de preços, ele entende que “no final se confunde preço com valor agregado, e questiona: será que não teria que pagar um pouco mais por um produto que beneficia a mim, minha família e ao meu país?” No seu entendimento, “ninguém vai pagar mais, se não entender o que está inserido naquele produto”.
Para Salvador, “as novas gerações serão mais conscientes, porque estão aprendendo na escola e nos meios de comunicação.
Luiz Otávio salientou ainda que “o novo consumidor já está buscando informações sobre a origem da matéria-prima utilizada, se a empresa segue normas, regras que dizem respeito a práticas sustentáveis. Este movimento deve se acelerar, e no futuro as empresas terão que conviver com este tipo de consumidor como sendo maioria. E prevê que com a sustentabilidade vai acontecer a mesma coisa que aconteceu com a qualidade, que passou a ser um pré-requisito básico. “Este é um caminho que não tem volta. Nós empresas temos uma responsabilidade muito grande neste processo”, afirma Luiz.
Investimentos em inovação em susntabilidade trazem resultados?
Para Salvador, “uma das coisas mais importantes em relação ao assunto é que sustentabilidade é um somatório de coisas; não apenas investimento. As pequenas mudanças são poderosas, como aproveitar da melhor forma possível todos os recursos que temos em nossa produção”.
Já Luiz Otávio entende que “investimentos cada vez mais serão oportunidades para acelerar estes projetos de sustentabilidade. O investimento vai ser propulsor para o processo de sustentabilidade. Mas eu entendo que nestes momentos, principalmente agora, que a maioria das empresas vão passar a olhar mais para dentro do que para fora, vão surgir muitas mudanças de forma de colocar o produto no mercado, como utilizar materiais”.
O Happy Hour com Tecnologia tem como patrocinadores: Solvay Group / Rhodia, Zahonero, NIT/IBTeC e Revista Tecnicouro.
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