Inovação de impacto: quais os caminhos para o setor calçadista brasileiro”? Este foi o tema do Happy Hour com Tecnologia do IBTeC da última quarta-feira, 30 de março de 2022.
O vice-presidente executivo do Instituto, Dr. Valdir Soldi, que atuou como mediador, fez a abertura da live lembrando a importância dos dois nomes convidados para debater o tema, duas das personalidades que mais têm contribuído para a pesquisa e implementação de inovações no setor - Cenira Verona, CEO e Consultora da Salt Assessoria em Gestão Tecnológica, e Gustavo Dal Pizzol, CEO do Grupo TopShoes.
Dr. Valdir Soldi abriu a conversa perguntando a Cenira Verona o que é inovação de impacto. Para a consultora, é importante saber que inovação quando tratada academicamente é alguma coisa que se faz diferente e que traga resultados. Para que haja impacto é preciso que traga um resultado mais relevante, mais significativo. São coisas diferentes que estão sendo realizadas com muitos resultados que fazem diferença no mercado e ajudam as pessoas a pensar em como fazer diferente. A consultora falou da importância de se poder contar com um ecossistema para fazer inovação de impacto. “É extremamente relevante que se tenha uma rede de contatos, de apoio, de network, para que se tenha capacidade de co-criação. A existência de um ecossistema aumenta a velocidade da colocação da inovação em prática. Além de agilizar, gera um clima que permite que mais empesas se beneficiem da mesma inovação”.
Para Gustavo Dal Pizzol, “inovação é como se fosse criada uma ponte para o futuro”. Lembrou que o Planeta está sofrendo, e precisamos fazer hoje mudanças que gerarão impactos lá na frente”. Segundo Gustavo, hoje várias questões que estão gerando inovação inclusive vindas da sociedade. A internet mudou a forma de fazer negócios. As pessoas estão criando novas formas de gerar negócios.
Os dois palestrantes lembraram que inovação não se faz sozinho, e por isto a importância de um ecossistema que realmente funcione.
Sobre caminhos para inovar, Gustavo Dal Pizzol entende que ambientes que favoreçam o compartilhamento de ideias instigam e beneficiam a inovação. O empresário disse entender que há muito a ser trilhado na busca de caminhos que tornem as inovações mais assertivas na aplicação.
Cenira entende que, quando se trata de inovação, a melhor coisa que se pode fazer é “colocar a mão na massa” - colocar as ideias em teste, permitir a experimentação, para que a partir dos erros se possa chegar à solução ideal. Este caminho permite que sejam encontradas parcerias que tornem a ideia viável. Ter uma estratégia corporativa torna o caminho mais curto e assertivo. Ter um ambiente de inovação adequado, com um budget definido para a aplicação em pesquisa de inovações, é muito importante para que se tenha mudanças, entende Cenira. Quanto mais se experimenta, mais se acelera a cultura da inovação, e mais rápidos são os resultados.
Especificamente sobre o setor calçadista, perguntou o mediador, como os debatedores veem a realidade no Brasil?
Gustavo disse entender que sim, o mercado calçadista tem um bom nível de inovação. E lembrou a impressão 3D como um dos pilares importantes para o segmento. Salientou que quando se fala em sustentabilidade, “a gente tem que pensar no processo todo de produção”. O calçado está bem posicionado porque tem absorvido tecnologias comprometidas com a sustentabilidade. Para Dal Pizzol, o mercado de calçados esportivos é o que mais investe em inovação e novas tecnologias. Lembrou o 3D como uma grande evolução para diminuir tempos de desenvolvimento e novas possibilidades de oferecer performances aos calçados, a partir dos solados.
Cenira Verona afirmou que o mercado calçadista pode ser considerado relativamente conservador, mas é fato que é um mercado que está buscando se atualizar. Como fazer com que isto seja acelerado ainda mais? É preciso fazer ajustes ao longo do jogo, com inovações incrementais. É muito difícil começar do zero, fazer um novo jogo. Às vezes, a melhor forma de tornar inovação mais rápida é trabalhando produtos que já se tem, a partir de agregação de valor com a implementação de novidades. Cenira Verona disse entender que o mercado calçadista é um pouco reticente em abandonar o seu passado e pensar em coisas totalmente novas. Na sua opinião, “é necessário que o setor calçadista se permita pivotar, para fazer coisas novas”.
Gustavo Dal Pizzol disse que talvez as indústrias calçadistas devessem vislumbrar outras frentes de negócios dentro do calçado, sem abandonar o que já tinham. Talvez na prática criar novos negócios e novos produtos seja uma forma de experimentar coisas novas.
O professor Soldi lembrou que há muitas parcerias hoje entre fabricantes de calçados e fabricantes de máquinas, como uma forma de trazer inovações. O apoio tecnológico, seja de máquinas ou ferrametnas digitais e softwares, podem apoiar as indústrias na busca de inovações. Elencou a inteligência artificial como um apoio importante.
Gustavo afirma que muitas empresas dependem do cliente para se movimentar, e isto gera um sistema que atrasa demais o processo. Empresas que esperam o cliente trazer suas necessidades tendem a perder espaço importante de mercado nos próximos anos, alerta Gustavo Dal Pizzol.
Cenira diz que a melhor maneira de estar no futuro é estar no futuro, e não esperar que o mercado demande. Para ela, “inovação é necessária, porque com o efeito da globalização é vista em qualquer lugar do planeta”. E enfatizou que “no futuro próximo, para sobreviver no mercado, a gente que fazer diferente”.
Gustavo lembra que hoje o consumidor não necessariamente quer a posse, mas acesso a algo. E como atender esta demanda? Este é um desafio para o setor calçadista. Gustavo sugere que as grandes empresas busquem parcerias com startups para inovar, porque as indústrias poderão se focar na produção e fazer a inovação em parceria com estas pequenas empresas.
Comunicação de máquina a máquina (IOT), monitoramento a distância e máquinas que se autorregulem são o futuro da indústria, entende Cenira.
Gustavo afirmou que a indústria 5.0 é definida pela informação fornecida pela máquina, que apresenta as informações que oportunizam inclusive o monitoramento da produtividade das pessoas. O futuro é as pessoas estarem na função de pensar, enquanto o equipamento será responsável pela produção em massa, antecipa. Este novo momento vai chegar, e precisamos estar preparados para isto.
Cenira lembrou que startup é uma forma de fazer negócios, que precisa ser usada por indústrias que queiram inovar. E salienta que não precisa ser necessariamente uma empresa de fora; dá para fazer isto dentro da própria empresa, criando núcleos dedicados à busca de ideias.
Inovação e sustentabilidade são dois conceitos que precisam estar fundidos em uma única diretriz. Não dá para pensar nestas duas coisas separadamente, afirma Cenira.
Gustavo lembrou que no centro de tudo estão as pessoas, tanto as que participam do processo de criação e produção, quanto aquelas às quais os produtos se destinam, afirma Dal Pizzol. Então, o desenvolvimento humano tem que ser a próxima preocupação de empresas de todos os segmentos, para que obtenha o equilíbrio.
O Happy Hour com Tecnologia tem como patrocinadores: Solvay Group / Rhodia, Unimed Vale do Sinos, Zahonero. Apoio da Revista Tecnicouro e do NIT/IBTeC.
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