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Promotores de feiras acreditam em futuro com formato híbrido entre digital e presencial, e falam em rever agendas dos eventos do setor calçadista

Promotores de feiras acreditam em futuro com formato híbrido entre digital e presencial, e falam em rever agendas dos eventos do setor calçadista 18 AGOSTO

Para discutir o tema “Feiras de negócios: o que mudou, o que mudará e o que não vai mudar”, o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos - IBTeC - reuniu no final da tarde de quarta-feira, 12 de agosto, os diretores de três das quatro promotoras de feiras do país: o presidente da Francal Feiras, Abdala Jamil Abdala; o diretor presidente da Fenac Experiências Conectam, Marcio Jung, e o presidente da Merkator Feiras e Eventos, Frederico Pletsch. A gerente comercial do IBTeC, Karin Becker, foi a mediadora do Happy Hour com Tecnologia, realizado no formato de live.

Karin Becker abriu o evento falando da importância das feiras para o setor calçadista e enfatizando o momento de desafio global, “em que precisamos buscar novas formas para realizar nossos negócios”.

Abdala Jamil Abdala foi convidado a fazer sua primeira fala contando um pouco da história da Francal Feiras. Ele iniciou lembrando que a empresa faria em 2020 a 32ª edição da Francal.  Lembrou que as primeiras edições da feira foram em Franca e que em 1982 se transferiram para a cidade de São Paulo, onde ela foi transformada em uma das mais importantes do país. O segmento calçadista foi o primeiro atendido pela promtora, que hoje atua em 16  setores da economia. “O calçado está no DNA da Francal Feiras”, enfatizou Abdala. “No início, o objetivo era vender calçados. Com a mudança para São Paulo, veio a participação em outros 15 setores, mas sempre com o DNA do setor calçadista, onde a Francal nasceu”.

Produtividade geração de empregos, geração de riqueza e produzir um bem para a comunidade brasileira é o objetivo da Francal, que este ano está completando 52 anos, salientou o presidente.

Em 2020, com o advento da pandemia, a Francal Feiras fez um único evento, do setor de brinquedos, no início de março.

Márcio Jung, presidente da Fenac, iniciou sua fala lembrando que em 2021 a Fenac completará 60 anos - a primeira Festa Nacional do Calçado foi em 1963. Por isto, a Fenac sempre foi reconhecida por sua  ligação com o setor calçadista. De acordo com o diretor presidente, o objetivo da atual administração é fazer com que a empresa cresça, e falando especificamente do setor de calçados, o foco é manter o ritmo de crescimento da principal feira do setor, a Fimec, o grande encontro de todos os setores da indústria calçadista da América do Sul.

Sobre a atuação da promotora, Márcio Jung lembrou que ao longo dos últimos quatro anos, a administração da Fenac foi em busca de diversificação de segmentos aos quais se dedica - hoje com vários eventos próprios distribuídos ao longo do ano. “Aumentamos número de feiras, otimizamos as existentes e trouxemos novas atrações para Fimec, como o Forum Fimec e o Estúdio Fimecm, além da Fábrica Conceito, que já era uma das principais atrações da feira”.

Desde que assumiu a gestão da Fenac, Márcio Jung focou na busca de eventos para novos segmentos, com o intuito de transformar a Fenac em uma empresa que pudesse se sustentar de maneira perene.

A Fenac realizou em março o último evento presencial do setor no país. Marcio fez um relato sobre todo o processo que envolveu a decisão de realizar a feira, em um momento em que a pandemia já havia se alastrado pela Europa. Contou todo o processo de decisão de realizar a feira, que transformou a Fenac em referência em cuidados para evitar a propagação do vírus.

O presidente da Merkator, Frederico Pletsch, contou a história da empresa - em 1999 foi procurado por dois amigos para iniciar uma empresa na área de feiras, onde já havia tido experiência, como gestor na Fenac. Lembra que o início foi problemático, pela distância do aeroporto, mas o fato de que o pavilhão escolhido ficava em Gramado, um dos destinos turísticos mais procurados do país, tem sido um ponto forte importante. Desde o início, segundo Pletsch, a empresa decidiu trabalhar em cima do tripé turismo-negócios-muita informação. Pletsch salientou a importância da parceria com as indústrias de Três Coroas através do Sindicato do setor, que sempre foi importante parceiro.

Perguntado sobre a situação vivida em março, quando da realização da Fimec, no início da pandemia, Márcio Jung relatou toda a trajetória das discussões em torno da segurança de fazer a feira. Como o problema no início do ano era isolado na China, a direção da Fimec fez contato com os expositores chineses, pedindo para que eles não viessem à feira. Naquele momento, a preocupação era com as pessoas que pudessem vir da China. O departamento comercial da Fenac contatou com os expositores, para chegar a um acordo para que eles não viessem à feira, inclusive abrindo mão de receita.

Com a proximidade do evento, contrataram um médico infectologista para uma consultoria sobre como enfrentar a questão, tendo em vista que feiras vinham sendo realizadas na Europa, sem qualquer preocupação com biossegurança. A direção da Fenac decidiu fazer tudo o que pudesse ser feito para que houvesse uma feira segura. Neste meio tempo, começou a crescer o problema na Itália, e a Fimec com vários expositores europeus, principalmente italianos. Então, a direção da feira fez contato com os expositores, para que eles colocassem na Fimec seus funcionários brasileiros. O que foi conseguido com sucesso. Os italianos e chineses que estiveram na feira são pessoas que moram no Brasil.

No momento da abertura da Fimec, já havia 34 países com transmissão comunitária. Foi então decidido que as pessoas oriundas destes países deveriam passar por um espaço criado na feira, para medir temperatura. Ao mesmo tempo, dispensers de álcool em gel foram distribuídos por todo o pavilhão, e houve a distribuição de sachês de álcool em gel nas entradas, para que pudessem usar durante os dias da exposição. Foram adotados protocolos que anda nem eram citados no mundo.

Foi montado um container com médico onde todos os visitantes que viessem dos 34 países que já tinham transmissão comunitária passavam praticamente por uma consulta, com verificação de consulta e respondiam questionário sobre sua saúde. Foi aumentada a equipe de higienização dentro da feira, e o número de UTIs móveis. Nos banheiros, os sanitários eram limpos a cada uso. Nos locais onde as pessoas tocavam muito, havia pessoas fazendo higienização permanente, para evitar o contato.

O resultado foi que não houve nenhum problema gerado pela participação na feira. Não houve casos de contaminação dentro da feira.

Marcio relatou que foi um momento difícil, de muita tensão. Toda a equipe trabalhou para a execução de um plano que fosse seguro para todos. O setor de alimentação só foi permitido com embalagens fechadas.

Frederico Pletsch foi convidado a contar como foi a decisão de fazer o SICC no formato digital como a primeira experiência no mundo. Ele contou que buscaram parceria para desenvolver a plataforma e-Merkator, que foi sucesso. Pletsch oficializou que não vai parar, vai triplicar a Zero Grau com melhorias na plataforma digital a partir da experiência do SICC. Também adiantou que sua equipe decidiu realizar a partir de agora eventos híbridos, com a feira virtual junto com a presencial. “Estamos trabalhando para aperfeiçoar a feira virtual, que vem com muitas novidades para a próxima edição da Zero Grau”, adiantou. Mas o que a equipe da Merkator depreendeu é que embora a solução digital tenha sido aprovada, o setor sente necessidade da feira presencial.

Perguntado sobre como a Francal vê este momento, Abdala lembrou que na feira de brinquedos, iniciada no dia 8 de março, já havia a preocupação com a pandemia. Na época o próprio Abdala foi a Brasília, falar com Ministério da Saúde e Ministério do Turismo, onde foi tranquilizado dizendo que o problema estava sendo aumentado pela imprensa. Mesmo com tudo o que ouviram em Brasília, os gestores da Francal se preocuparam com a proteção aos visitantes. Como a feira não tinha expositores de fora e os visitantes eram todos do Brasil e da América latina, onde ainda não havia problemas maiores, a feira ocorreu com tranquilidade.

A partir de março foi criado um comitê de gestão de crise, para tomar decisões sobre as 15 outras exposições que seriam realizadas ao longo do ano. Em São Paulo, os pavilhões se juntaram aos organizadores das feiras, e conseguiram realocar todas as feiras para o segundo semestre. Mas a continuação da pandemia impediu que se mantivessem estes calendários, e ficou decidido que todas as feiras fossem canceladas para o ano de 2020. Foi uma decisão tomada depois de muita conversa com todos os expositores, com as entidades que representam todos os setores. Abdala afirmou que não foi fácil enfrentar este momento, e disse estar otimista em relação ao ano de 2021.

O que não vai mudar no ambiente das feiras? Esta foi a última pergunta da moderadora.

Abdala Jamil Abdala entende que “não vai mudar o respeito que temos aos nossos expositores e aos nossos visitantes. Não vai mudar a importância de uma feira física, sem sombra de dúvidas. Não vai mudar a prática de trazer conteúdos, que a Francal vinha fazendo nos últimos cinco anos, para colaborar para o crescimento profissional de visitantes e expositores. Não vai mudar a Francal trazendo informações e expositores de tecnologia, para que o setor se torne cada vez mais dinâmico”. Quanto ao que vai mudar, o presidente da Francal afirmou que “estamos terminando uma plataforma digital, para a realização de eventos virtuais. E adiantou que as feiras da Francal agora serão híbridas - a física e a virtual, para que que os nossos mercados fiquem se comunicando 365 dias por ano”.

Já o presidente da Fenac, Márcio Jung, afirmou; “Acredito que cada feira, cada evento e cada mercado que este evento atue, tem que ser analisado de uma maneira diferente. Cada segmento vai ter uma resposta diferente para esta pergunta - para alguns, com melhoras de biossegurança, voltam a ser presenciais. Em outros segmentos, vai haver adaptação ao sistema híbrido. E tem certas situações em que vão crescer bastante os encontros virtuais”. E afirmou na Fenac já está sendo feita “uma análise de cada feira, sem uma solução padrão para todas. Cada setor vai dar a sua resposta à nova realidade. Algumas serão feitas na forma virtual, ainda este ano, e outras serão proteladas para o próximo ano”.

O presidente da Merkator, Frederico Pletsch, entende que “não muda a feira presencial, mas feira híbrida vai agregar, com certeza. Isto é sem dúvidas, o futuro das feiras”. Pletsch foi mais longe, afirmando que “a presencial vai desaparecer em alguns setores, é a minha sensação. A híbrida deverá ser o caminho no futuro próximo”.

“O momento é de união, em prol do mercado, afirmou Abdala à provocação de Frederico Pletsch, que propôs que os organizadores de feiras se juntem e discutam o futuro e o calendário de feiras do setor.

Para finalizar, Karin Becker convidou para a próxima edição do Happy Hour com Tecnologia, agendada para as 18h do dia 26 de agosto, com o tema “Conforto e moda”.

As empresas patrocinadoras do Happy Hour com Tecnologia de 2020 são: ColorgrafCovestroGrupo StickfranKilling S/A,  Merkator Feiras e EventosSolvay Group / Rhodia e Zahonero.

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